Sempre gostei de ler, por isso numa primeira fase quis ser jornalista, que nos abriga a ter mente super aberta e a pesquisar muito, tanto a nível nacional como internacional. O meu sonho está quase a se realizar. Quando tive que entrar na faculdade, por acaso calhei com o curso de Direito, mais uma vez era obrigada a ler. Aqui tenho que acabar horas lendo e interpretando leis, livros de diversos autores, todos sobre Direito. É bem divertido.

Mas de tudo, uma coisa que não dispenso sempre que posso é ler romances. São tantos livros. Moçambicanos já li escritores como Mia Couto, Teresa Chiziane, entre outros. Os internacionais devorei livros como A trilogia dos Cinquenta tons, Paulo Coelho, Harry Poter, isto sem contar com aqueles livros que considero safados, como Kamasutra e companhia, mas muito recentemente comecei a devorar os livros do Augusto Cury e este é deste escritor que venho falar.

Do Augusto Cury o primeiro livro que li foi “O vendedor dos sonhos”. Adorei. E procurei por outros dentre eles, um dos escolhidos foi “A ditadura da beleza e a revolução das mulher”. Puxa. A pergunta que lanço é: vocês já estiveram numa situação em que vocês lêem um livro e se sentem dentro dele?

a ditadura da beleza

Antes vou descrever um pouco o escritor, apesar de acreditar que muitos o conhecem, ele é brasileiro, psiquiatra, psicoterapeuta, cientista e escritor. Outros atributos dele: pós-graduado em Psicologia Social, desenvolveu a teoria da Inteligência Multi-focal, sobre o funcionamento da mente e o processo de construção do pensamento.

No livro o vendedor dos sonhos a ideia, pelo que percebi, é vender coragem aos inseguros, ousadia para os fóbicos, alegria para aqueles que perderam o encanto pela vida, sensatez aos incautos e crítica para os pensadores. Em outras palavras, neste livro, Augusto Cury tenta levar os leitores a olharem dentro de si e ter alguma esperança, mesmo quando parece que tudo está perdido, acreditando sempre que há uma solução. Mais ainda, que para viver e ser feliz não é necessário ter milhões na carteira ou uma mansão, o mais importante é ter saúde e vontade de viver.

Achei injusto ler e ficar com isso para mim, então resolvi compartilhar com os leitores do Moz Maníacos  vou falar mais da “ditadura da beleza e a revolução das mulheres”. Recomendo este livro tanto para homens, mas sobretudo para as mulheres.

O escritor nos leva a questionar os padrões de beleza que chegam para nós através de revistas, filmes, novelas, entre outros modos. A verdade é que toda mulher, repito, toda mulher está insatisfeita com alguma parte do seu corpo, senão todo o corpo.

Eu, particularmente, detesto a minha barriga, acho ela ligeiramente grande. No entanto, sempre fui gordinha, não me conheço de outro jeito e muita gente gosta do meu corpo como ele é. Aliás, nem consigo me imaginar de outra forma. Durante muito tempo, mais na minha adolescência, me achava a última feia do planeta, não tirava fotos, não gostava de sair. Na leitura do livro “a ditadura da beleza e a revolução das mulheres” descobri que isso resulta do famoso “padrão inatingível de beleza”.

Na época, eu queria ser outra pessoa e não aquela Vanda que todos viam e gostavam. Aos poucos aprendi a valorizar meu corpo e mudar aquela ideia de ser feia, mas não conseguia perceber porque me rejeitava se sempre fui assim.

Quando comecei a ler o livro do Augusto Cury percebi que não era um acto voluntário e que não era a única, que aquilo era resultado da influência dos programas que via na televisão, das revistas, actores, por ai. Só para citar alguns exemplos, nas televisões moçambicanas contam-se os apresentadores com uma estatura física um pouco fora do padrão, nos programas em geral os apresentadores têm um perfil determinado e não podem passar daquilo.

Recomendado para si:   Teoria Geral do Cemitério

Essa imagem entrou na minha psique e ficou lá. Sem me aperceber comecei a ter vontade de ser outra pessoa. De ter aquele corpo que todas apresentadoras que assistia na televisão tinham. Por sorte e um pouco de vontade consegui ultrapassar um pouco a rejeição.

Mas o problema com a minha barriga continua até hoje. Durante a leitura descobri que 46 por cento da população detesta a sua barriga, eu devo estar lá, o pior é que mesmo quando diziam que ela combina com meu corpo não queria ouvir de jeito nenhum.

Augusto Cury fala de uma pesquisa que “troca em moedas” esses 46 por cento, em todo mundo são 1,1 bilião de mulheres que tem verdadeiro pavor de olhar para a sua barriga. Quando estão no espelho elas viram de um lado para o outro na tentativa de disfarça-la. Diz ele que, durante muitos períodos da história uma barriga levemente proeminente era sinal de beleza e saúde.

Na mesma pesquisa consta que 21 por cento rejeitam seus seios, 21 criticam seus cabelos, 14 odeiam seu bumbum, 12 abominam seu nariz, 11 têm problemas com seu quadril, 9 não gostam dos seus dentes e 8 fazem restrições às suas coxas.

O escritor vai mais longe afirmando que quando uma pessoa passa a rejeitar uma área do corpo, essa rejeição se torna um grave sintoma da síndrome inalcançável de beleza e, em alguns casos, pode se transformar em uma aversão à forma do corpo. O mais triste de tudo é que cinco por cento das mulheres detestam o seu corpo, ou seja, mais de 130 milhões delas querem mudar tudo em seu corpo, até os fios de cabelos.

Gostaria eu que essa síndrome não atingisse as mulheres moçambicanas, por exemplo, mas infelizmente atinge e de que forma. O azar de muitas é que nada podem fazer para alterar a sua condição e para fazer algum tratamento ou plásticas tinha que ir para outros países.

É muito triste perceber que sempre que quando se olham nos espelhos, as mulheres valorizam mais seus defeitos do que suas qualidades, pois se vêem através das janelas doentias que construíram em sua psique.

A ideia do livro é incutir na mulher que a beleza está nos olhos de quem a interpreta. Que todo ser humano tem sua beleza. Temos que ser nós próprios a encontrar a nossa beleza, por mais que não estejamos dentro do padrão dos média.

Um dos dados bem interessantes que encontrei é que se o índice de Massa Corporal (IMC), que é o índice usado pela Organização Mundial de Saúde para medir o peso das populações e o padrão básico de saúde, fosse aplicado às modelos, elas seriam, na maioria, consideradas doentes, desnutridas, como as pessoas famintas de alguns países mais pobres do nosso continente.

Este índice é calculado dividindo-se o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças, o índice de massa corporal igual ou inferior a 17,5 pode ser sugestivo de anorexia nervosa. O IMC considerado saudável é de 20.

Grande parte das modelos, aquelas que admiramos, tinha o índice de massa corporal em torno de 13 e 14. O que quer dizer que são completamente desnutridas, não possuem musculatura, mas pele e ossos, o que diminuía a longevidade e causava uma série de transtornos físicos e psíquicos.

Quero acreditar que a ideia do Augusto Cury “de namorar com o nosso corpo” é boa e implementável. Que toda a mulher acredite que é bonita, independentemente de ter ou não algumas imperfeições. Coisa normal para um ser humano também “normal”.