Sou Estudante: conhecedor de teorias, cheio de ideologias, e sonho Grande. Fui motivo de decepções (elogios) para alguns docentes, pois nos testes não os dava muito para corrigir. Depois da academia veio a Graduação, e agora sou dr.. Com um Diploma reluzente na mão, de Custo Familiar passeo para uma Fonte de Rendimentos do Agregado – agora devo contribuir.

– É o nosso dr.! – dizem eles, felizes e ávidos pela minha contribuição. Até os meus familiares distantes, a sociedade, todos contam comigo.

Sou o primeiro dr. da família, então já imaginam. As economias das vendas da Mamã no “Dumbanengue” e o “Xitique”, proporcionaram-me uma festa de arromba-pacata, alusivo à minha graduação.

– E agora? E o emprego? – pergunto-me! Toda louça emprestada à festa foi devolvida. E, as semanas passaram…

O Diploma, num local privilegiado da parede (ao lado de uma foto do casamento dos velhos), recorda-me que tenho que ter um emprego, penso: mas como um emprego, pois sou empreendedor!? – aprendi isso na Universidade –, embora que tudo “simulado”, e nada “prático”. Sei como fazer, mas nunca fiz. A minha missão é: transformar tudo em riqueza, o meu “Plano de Negócio” é a minha garantia – mas a Banca exige garantia real. Não tenho os Business Angles, não conheço a porta de Cavalo, nem sei onde o Cabrito come amarado!

Alto ai:

– “Não somos de uma fábrica de Títulos” – diziam eles, eu ouvia.

Assumo e grito com orgulho:

– Lá não somos formados, formamo-nos! – isso quando estudante. A casa é Magna, a Universidade é um Primogénito, então cuidado! Mas isso fazia muito mais sentido na Academia, mas saí de lá para a realidade do Mercado Agressivo. E as oportunidades: elas não vêem; tentei criá-las. Mas, para teres uma vaga e te encaixares, há muito por detrás: pagas, concorres (tens que ter a informação, ela existe, mas onde?), deves ter cunha, deves “tomar banho e falar com o vovô”, ou estar no local certo e apresentar as competências exigidas, mas aceitando a exploração requerida – cada um com seu método, até que podem ser combinados (Eclectismo).

Recomendado para si:   Introdução do livro "A representação do poder nos provérbios: o caso Tsonga"

Felizmente, hoje o dia sorriu, depois da n-ésima entrevista, apresento-me bem indumentarizado. A Vaga é para Assistente no Departamento do Gestor de Recursos Humanos de uma Joint-venture ou um Megaprojecto, não sei ao certo. Estudei Gestão e Liderança (vantagem), nenhuma experiencia profissional é requerida, (outra vantagem). Quando me questionam acerca das minhas experiências gerais, deixo escapar que tive 18 Valores de média nessa cadeira, e tenho experiência na leitura do Chiavenato, Maximiano, Souza e outros, assumo que estou preparado.

– Filho conseguiu? – perguntou-me a Mamã toda zelosa, e viu a resposta a cair dos meus ombros…

Logo me vejo no auge, afinal tive boas notas na formação, posso ser Docente universitário, tantos são, eu sou bom. Há muitas fábricas de títulos por ai. Merda, 2015, “Maldito Decreto”! Na minha escola já nem querem saber de nós, como docentes: são Políticas e Políticas são para Políticos. Como poderei Mestrar, se não consigo apenas as minhas necessidades básicas sanar?

Sou mais assíduo aos Jornais, aos Bares e aos períodos de frustração, pois não é fácil – já teria o dito. Agora já nem penso apenas em vagas para Licenciados, tenho que trabalhar, esse é o foco. Afinal, deve-se começar de algum sítio, e dai progredir. E neste momento estou lendo um anúncio de uma vaga em que precisa-se de um Indivíduo com 12ª classe, lá vou eu (…), pois antes começar do zero, que nunca começar!