Chamo-me Emerson David Chiloveque, tenho 24 anos de idade, nacionalidade Moçambicana, fui nascido em Maputo. Fui criado por pais pagãos… desde criança foi-me incutido que devemos respeitar aos mortos, depositar flores a cada domingo, e orar pelas suas almas…

Aprendi a seguir os desígnios africanos impostos na família, desde o chá da panelinha até, “ao extremo”. Enquanto crescia, soube que há várias religiões espalhadas pelo mundo… várias formas de encarar ao sobrenatural, mas não me liguei a nenhuma, ia seguindo o que foi “imposto” pelos meus progenitores. Eis que chegou o momento da “libertação”… precisava, necessitava encontrar uma religião onde pudesse me abrir de corpo e alma, algo com que eu me identificasse, que me desse paz e sossego…

Procurei, confesso que a busca não foi nada fácil… andei em tudo que era igreja, ouvi vários homens que se julgavam profetas . Cresci em Maputo, Maputo-Cidade, já podem imaginar a quantidade de igrejas que lá existem…

Em cada rua que eu passasse, lá estava um pregador, cada um com uma palavra diferente. Raramente existia alguma similaridade, ops, a única que existia é que Deus existe! Embora por vezes mudavam os nomes, pois uma vez era Alá, a outra Jeová, no dia seguinte diziam que era Cristo… Mas depois disso, mudavam os argumentos! Cada um deles procurava puxar-me para o seu “rancho”, intencionalmente, ou não, dava-me a entender que era a única igreja verdadeira que lá existia. Que as outras não passavam de uma farsa. Ofereciam-me um folheto/panfleto… e pediam que me apresentasse num determinado dia e hora, mas, caso eu estivesse de bem com o mundo nesse dia, aceitava entrar de imediato.

Infelizmente, eu saia como entrava, indiferente… As reuniões ou missas eram todas iguais. Havia gente chorando de alegria e reconhecimento pelo altíssimo. Havia gente chorando de desespero e implorando pela presença do altíssimo em suas vidas e, infelizmente, em alguns casos, eu sentia que havia gente que só estava para fazer boa figura… infelizmente, assim como eu…

O meu coração de adolescente se perturbava pois, precisava saber, onde eu poderia encontrar respostas para satisfazer as minhas dúvidas? Onde eu poderia encontrar conforto para o meu coração agitado, onde? Pois nenhuma dessas igrejas me dava paz… mas não desisti, ia procurando pela cidade, em canais televisivos, nos programas matutinos, ou na calada da noite… Felizmente cheguei a conseguir! Houve uma igreja que conseguiu dar-me paz e sossego… comecei a frequenta-la arduamente (IURD, tenho muito respeito por essa igreja, seria hipocrisia dizer que nunca havia acreditado na sua palavra…). Talvez um dia possa voltar, pois sinto saudades daquelas paredes que várias vezes me ampararam…

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Mas eu sentia-me triste ainda, uma vez que o meu coração não conseguia responder tantas perguntas que o meu subconsciente fazia…

“Se Deus é apenas um, porquê tantas igrejas e tantas palavras…?”

“Porque se acusam esses irmãos, lutam pelos crentes… e gracejam uns dos outros?”

“Porquê a pedofilia em certas igrejas, e mais escândalos sexuais em outras, drogas ligadas aos templos de adoração… ?”

“Porquê, porquê tantas versões da bíblia, versões em ritmo constante se a apalavra é apenas uma?”

E eu pensava… “Jesus era um carpinteiro, e morreu sem ter nada de seu… mas será que é o que vemos hoje, nos tais homens de Deus, que movem as massas…?”, “Como é que pode ter existido uma guerra, que se dizia santa?”…

BASTA, eu decidi dar um basta, a todas essas reflexões… Hoje, carrego comigo uma Bíblia, não porque acho que a as palavras lá escritas sejam mais verídicas que as demais, mas mais pelo valor sentimental que tem para a minha pessoa. Uma falecida tia, ( QUE DEUS A TENHA,TIA LINA ), usava-a e, até hoje, consigo ver as suas marcações na Bíblia, nas passagem que a tocavam… isso conforta-me. Lembro-me até hoje de a ver falar: “EU NÃO SIGO AOS HOMENS, EU SIGO A DEUS”!

E FOI ISSO QUE ADOPTEI PARA MIM. Não tenho uma casa para adorar, tenho a Deus no coração e procuro viver de acordo com os seus mandamentos. Mandamentos esses que nos foram incutidos ainda na nossa criação, bem sabemos nós, o que é o bem e o mal, ainda no ventre da nossa Mãe!

Assim tenho vivido até aos dias de hoje, como uma “pomba livre”, apenas carregando a palavra em meu coração e, procurando ajudar ao próximo sempre que poder. Respeitando sempre a decisão dos outros, em relação a religião e outros temas sociais… Então, creio que não é certo quando certos homens religiosos, contestam ao pobre Chil, por não ter uma casa para adorar…Céus, adora-se a casa ou adora-se a Deus, a Deus que está em todo lugar? Eis a questão… então, assim vou vivendo!

E lembrem-se que Jesus disse: “Chegará o momento em que não importará onde e quando se adora, mas sim como se adora”.

Que o Senhor seja convosco.