A infecção urinária é um problema grave que causa dor e ardência ao urinar. É causada, normalmente, por bactérias que invadem o trato urinário.
O sistema urinário é normalmente livre de bactérias. As infecções surgem quando estas o invadem e se localizam predominantemente na uretra (uretrite), bexiga (cistite) ou nos rins (pielonefrite). No caso das cistites, as bactérias que habitam no intestino ou na vagina conseguem alcançar a bexiga usando como acesso a uretra. A partir daí dá-se uma irritação das paredes internas da bexiga, obrigando a pessoa a urinar mais vezes e causando ardor, sangue na urina e sensação de peso ou mesmo dor no baixo ventre. Estes sintomas podem aparecer isolados ou em conjunto. Se não for tratada correctamente, a cistite pode atingir os rins, resultando numa pielonefrite que causa febre alta e fortes dores abdominais, podendo levar ao internamento hospitalar.
Prevenção da infecção urinária:
1. Passe sempre o papel higiénico de frente para trás
Como a infecção urinária é provocada por bactérias que vêm do períneo e da região anal, na hora que você for limpar o ânus ou a vagina com um papel higiénico, a direcção deve ser sempre de frente para trás, ou seja, o papel passa primeiro na vagina e depois do ânus, nunca o contrário. O objectivo é não arrastar bactérias da região anal em direcção à vaginal. Passe o papel somente uma vez, e não duas vezes seguidas. No entanto, se ainda precisar limpar mais, use um novo pedaço.
2. Evite banhos de banheira
A água da banheira torna-se rapidamente povoada por bactérias da região do períneo. Se você ficar muito tempo sentada, há um risco maior de enterobactérias conseguirem migrar para a região ao redor da uretra. Ficar relaxando na banheira cheia de espuma é muito bonito em filmes, mas se você tem problemas de infecção urinária frequente, dê preferência a banhos de chuveiro.
3. Não use produtos químicos na região íntima
Produtos químicos, como perfumes, desodorizantes, não devem ser usados nas partes íntimas, pois eles podem provocar irritações. Bactérias se aderem mais facilmente em locais onde a pele encontra-se irritada. Se a região ao redor da uretra estiver inflamada, as enterobactérias terão mais facilidade de colonizar o local. Evite usar qualquer produto que seja à base de álcool ou tenha cheiro forte nesta região.
4. Evite sexo anal
O sexo anal, principalmente se procedido por sexo vaginal, aumenta muito o risco de infecção urinária. O motivo é óbvio, pois bactérias da região anal são levadas directamente para a vagina. Mas, mesmo o sexo anal isolado pode ser suficiente para espalhar bactérias do reto pela região do períneo.
5. Evite o uso indiscriminado de antibióticos
Algumas pessoas acabam fazendo uso frequente de antibióticos, muitas vezes de forma desnecessária, já que boa parte dessas infecções são provocadas por vírus. O uso indiscriminado de antibióticos durante a vida pode alterar a composição normal da flora bacteriana vaginal, facilitando a ocorrências de infecções ginecológicas, como candidíase, ou infecção urinária. O uso frequente de antibióticos também pode seleccionar as bactérias dos intestinos, criando cepas resistentes, o que leva ao aparecimento de infecções urinárias multirresistente aos antibióticos habituais.
6. Lave a região do períneo antes de ter relações sexuais
Lavar com água e sabão a região anal e perineal logo antes do ato sexual ajuda a reduzir a quantidade de enterobactérias que possam ser empurradas em direcção à vagina.
7. Urine depois das relações sexuais
A infecção urinária não é uma doença sexualmente transmissível, mas o ato sexual por si só produz atrito, o que leva à irritação da região genital e ajuda a espalhar as bactérias do períneo. O ato de urinar ao fim de cada relação ajuda a “lavar” a uretra, empurrando para fora as bactérias que possam ter migrado durante o sexo. Note que o uso de camisinha não diminui o risco de infecção urinária pós-coito, e a bactéria não vem do parceiro.
8. Troque o absorvente íntimo com frequência
A presença de humidade e sangue aumenta muito o risco de proliferação de bactérias. Não deixe o seu absorvente íntimo ficar cheio por muito tempo, principalmente se for um absorvente externo, que pode deixar a pele ao redor da uretra húmida e com sangue. Ainda há controvérsias entre os especialistas sobre qual tipo de absorvente é o mais perigoso: internos ou externos. Na dúvida, independente do absorvente usado, troque-o com frequência.
9. Evite uma higiene íntima excessiva
A cistite pode ser provocada por maus hábitos de higiene, mas também por excesso de higiene. A vagina possui sua flora natural de germes, que ajudam a impedir a chegada de bactérias nocivas vindas do ânus. Se você limpa a região da vulva e do períneo com muita frequência, ou uso produtos antissépticos especiais, pode haver uma redução da população natural de bactérias da sua vagina, o que acaba facilitando a vida das bactérias invasoras, que encontraram muito menos concorrência ao chegar na região ao redor da uretra. No entanto, a limpeza deve ser feita de forma parcimoniosa e somente com água e sabão neutro. Não é preciso gastar dinheiro comprando produtos especiais para higiene íntima.
10. Evite segurar a urina por muito tempo
Evite ficar intervalos maiores que 4 horas sem urinar. A urina parada na bexiga facilita a proliferação de bactérias.
Detecção e Tratamento
Uma análise à urina é fundamental para confirmar a presença de bactérias. São feitos exames de cultura, que acusam o tipo de bactéria e qual o antibiótico indicado para a combater. Quando as infecções se repetem é também pedida uma ecografia das vias urinárias e uma avaliação ginecológica que ajude a detectar eventuais distúrbios que estejam na sua origem, como problemas renais e infecções ginecológicas.
Embora, em alguns casos, possa ocorrer uma cura espontânea (porque bebendo muita água a urina acaba por eliminar as bactérias da bexiga) a maioria dos doentes precisa de ser tratada com antibióticos durante períodos que variam entre os 3 e os 14 dias, dependendo da intensidade da infecção e do medicamento utilizado. Tratamentos inadequados consistem a principal causa de repetição destas infecções, que podem tornar-se crónicas.