Escolher que tipo de anticoncepcional optar para evitar a gravidez indesejada, é na verdade uma difícil tarefa. A escolha do melhor método deve ser feita entre a mulher e o ginecologista. Uma vez que existem diversos métodos anticoncepcionais, antes de uma escolha sabia, há que reconsiderar as condições da saúde, o estilo de vida, entre outros factores. Eis a lista dos tipos de contraceptivos:

1. Pílula

As pílulas ou anticoncepcionais orais são medicamentos com diferentes combinações de hormónios sintéticos, geralmente estrogénio e progesterona. Os hormónios sintetizados evitam que os ovários liberem óvulos, no processo conhecido como ovulação, que é o período ideal para que a mulher fique grávida. A pílula deve ser ingerida todos os dias, preferencialmente no mesmo horário ao longo de 21 dias e faz-se uma pausa por sete dias. Há também versões de uso continuado. Este método tem mais de 99% de eficácia.

Vantagens: Evita a gravidez. Trata menstruações dolorosas ou intensas, TPM e endometriose.

Desvantagens:
Esquecimento na ingestão diária. A pílula pode perder efeito em caso de vómito ou diarreia. Podem surgir efeitos secundários como variações de humor, seios sensíveis, dores de cabeças. Em casos mais raros, formação de coágulos de sangue, cancro de colo de útero. Não protege das doenças sexualmente transmissíveis (DTS’s).

2. Minipílulas

A minipílula ou pílula sem estrogénio possui em sua base somente progesterona. É a pílula indicada para mulheres que estão amamentando e querem evitar uma nova gravidez. Para essas mulheres, a pílula deve ser tomada todos os dias, sem interrupção. Este método tem 97% de eficácia.

Vantagens: Indicadas para mulheres que estão amamentando, já que não afecta na qualidade do leite materno. Podem ser utilizadas por mulheres que apresentam contra-indicações ao uso de estrogénios. Não engorda.

Desvantagens: Necessidade de ser tomada todos os dias praticamente na mesma hora, pois o atraso de algumas horas pode resultar em uma gravidez. É menos eficaz que o anticoncepcional oral.

3. Pílula do dia seguinte

A pílula do dia seguinte é um dos tipos de anticoncepcional de emergência, com altas doses de hormónio, e tem como função evitar a ovulação e criar um ambiente desfavorável aos espermatozóides. Não deve ser usado de forma habitual, somente em casos de emergência como:

  • Rompimento do preservativo;
  • Ter relações sexuais sem nenhum tipo de protecção;
  • Se o preservativo ficar preso na vagina e há risco do esperma derramar.

O primeiro comprimido deve ser tomado em até 72 horas depois da relação sexual desprotegida, e caso haja um segundo, 12 horas após o primeiro. Este método tem 85% de eficácia.

Vantagens: É o único método contraceptivo que pode ser utilizado pela mulher após a relação sexual. No caso de falha do método, não causa efeitos colaterais no feto.

Desvantagens: Exposição a altas doses de hormónios. Pode causar náuseas, vómitos, tonturas, dor nos seios e alterações na menstruação. Em mulheres que amamentam, pode diminuir a quantidade do leite materno.

4. Anticoncepcional injectável

O anticoncepcional injectável é um método contraceptivo que possui em sua fórmula a combinação de progesterona ou associação de estrogénios, com doses de longa duração.  A injecção é aplicada no glúteo ou no braço a cada 30 ou 90 dias. Normalmente, a aplicação é feita por um ginecologista, em datas previamente agendadas, para um maior controle. Este método tem mais de 99% de eficácia.

Vantagens: Útil para mulheres que não podem tomar a pílula anticoncepcional, devido a fórmula de hormónios. É indicado para mulheres que não se lembram de tomar a pílula todos os dias. Melhora a anemia, reduz os sintomas associados à endometriose, dor pélvica crónica e reduz o cancro de endométrio.

Desvantagens: Pode causar efeitos secundários como ganho de peso, dor de cabeça, mudanças de humor, acne, sensibilidade nos seios, redução da densidade mineral óssea, vertigens e ausência da menstruação no início do tratamento. O retorno da fertilidade  ocorre vagarosamente, cerca de nove meses após a última injecção trimestral.

5. Implante

O implante é uma pequena varinha flexível de cerca de 40 mm de comprimento, que é colocada debaixo da pele, na parte superior do braço. Normalmente é feito em consultório e com anestesia local. Ela deve ser inserida por um profissional e seu efeito pode durar até três anos. O implante funciona liberando etonogestrel, uma forma sintética de progesterona, de forma lenta e contínua para a circulação sanguínea, impedindo a ovulação. Este método tem mais de 99% de eficácia.

Vantagens: Fácil de inserir e extrair, beneficia as mulheres que não querem ser mãe por um longo período de tempo. É indicado para as mulheres que não se lembram de tomar a pílula todos os dias.

Desvantagens: Pode interromper a menstruação. Sangramentos irregulares.

6. Anel vaginal

É um anticoncepcional hormonal combinado, de baixa dosagem, com formato de anel (54 mm de diâmetro e 4 mm de largura). É flexível e transparente e é colocado na vagina normalmente pela própria mulher, durante três semanas. Na quarta semana é retirado para que a menstruação desça e depois de sete dias é colocado um novo. Também é possível fazer o uso contínuo. Os hormónios são liberados enquanto o anel está na vagina e impede a ovulação. Este método tem 99% de eficácia.

Vantagens: Contém menos doses de hormónio. Pode aliviar os sintomas pré-menstruais e o mal estar do período.

Desvantagens: Não é recomendado para mulheres com histórico de coágulos de sangue, derrames cerebrais ou alguns tipos de cancro. Pode causar efeitos secundários em algumas pessoas como dores de cabeça, alteração na secreção vaginal ou sensibilidade nos seios. Às vezes, o anel pode sair acidentalmente da vagina, mas pode ser colocado de novo sem problemas.

7. Adesivo

O adesivo (ou patch) é um material aderente que deve ser colado na pele da mulher e permanecer na mesma posição por uma semana. Ele libera hormónios na corrente sanguínea que impedem a gravidez. Ele pode ser colocado em diversos locais do corpo, como braço, abaixo da barriga, nas costas ou na nádega. O primeiro adesivo é colocado no primeiro dia da menstruação e deve ser trocado a cada sete dias. Após três semanas de uso, é necessário fazer uma semana de pausa para a chegada da menstruação. Este método tem 99% de eficácia.

Vantagens: Não é necessário estar atenta todos os dias e continua funcionando mesmo em episódios de vómito ou diarreia. A mulher pode nadar, tomar banho ou fazer qualquer tipo de desporto. Usado para diminuir o fluxo da menstruação.

Desvantagens: Em algumas pessoas pode ocorrer aumento de pressão arterial, dores de cabeça ou desenvolvimento de coágulos de sangue.

8. DIU

O DIU é um pequeno dispositivo em forma de “T” que pode ser de cobre ou de plástico, que é introduzido no útero com a ajuda de um profissional. Actua liberando uma pequena quantidade de cobre no útero, que evita que o óvulo fecundado se implante no útero ou simplesmente detendo o avanço do esperma. Há também um outro tipo de DIU revestido por hormónio progesterona, o DIU Mirena, que libera progesterona pouco a pouco. O DIU pode permanecer no útero por até 5 anos no caso do DIU Mirena, ou 10 anos no caso do DIU de cobre. Este método tem mais de 99% de eficácia.

Recomendado para si:   Porque é que as mulheres grávidas ficam enjoadas?

Vantagens: Método contraceptivo de longa duração, faz efeito desde o primeiro dia em que é introduzido. Depois que é retirado, a mulher volta aos níveis normais de fertilidade.

Desvantagens: Podem provocar incómodo em algumas mulheres. Mudanças na menstruação nos primeiros 3 a 6 meses, sendo normal o sangramento entre os períodos. Ele também pode facilitar o aparecimento de infecções uterinas, mas isso é raro.

9. Preservativo masculino

O preservativo masculino ou camisinha é o método anticoncepcional de barreira mais usado no mundo. Consiste em uma capa fina de látex ou poliuretano, que se coloca no pénis quando está erecto, antes do coito. Impede que os espermatozóides entrem em contacto com a vagina e ocorra uma gravidez. Algumas vem com espermicida para diminuir ainda mais a possibilidade de concepção. Deve ser usado no sexo vaginal e anal. Este método tem 98% de eficácia.

Vantagens: Reduz o risco de contágio de DTS’s. São muito fáceis de encontrar, não custam caro, são pouco invasivas para o organismo e não tem efeitos secundários.

Desvantagens: Podem não ser compatíveis com alguns lubrificantes, cremes ou loções, podem deslizar durante o acto sexual e tem que ser manipuladas de forma correcta, para que não fique inutilizadas. Algumas pessoas também podem apresentar alergia ao látex, mas podem procurar preservativos fabricados com outros materiais.

10. Preservativo feminino

O preservativo feminino é parecido com a camisinha masculina, porém mais largo. Trata-se de um tubo de borracha nitrílica ou poliuretano com uma extremidade fechada e a outra aberta, acoplado a dois anéis flexíveis. Ela é introduzida no interior da vagina antes das relações sexuais para evitar que o sémen chegue ao útero e para diminuir o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis. Assim como os preservativos masculinos, são descartáveis após o uso. Este método tem 95% de eficácia.

Vantagens: É um método controlado pela mulher, não causa alergia e pode ser colocada até 8 horas antes da relação sexual.

Desvantagens: Pode causar barulho, pode se movimentar com o entra e sai do pénis, eficácia não é tão alta e é mais cara que a camisinha masculina. Não pode ser guardada  em lugares muito frios ou muito quentes.

11. Diafragma

O diafragma é uma cúpula flexível de látex ou silicone que é inserido na vagina de 15 a 30 minutos antes da relação sexual, servindo de barreira para impedir que o sémen chegue ao útero. Para maior eficácia, deve ser utilizado em conjunto com um espermicida. O diafragma deve ser retirado 12 horas após a relação e depois lavado. Este método tem 90% de eficácia.

Vantagens: Não contém hormónios, é reutilizável e duradouro (podendo durar até três anos) e não tem efeitos colaterais secundários.

Desvantagens: Tem que ser higienizado a cada uso e não protege contra a maioria das doenças sexualmente transmissíveis. Pode ser necessária a troca do diafragma em caso de gravidez ou aumento de peso. Mulheres virgens, com alergia a látex ou que tenham problema no colo do útero não podem usar esse método. Este método tem 92% de eficácia.

12. Esponja vaginal

A esponja vaginal é pequena, macia e em formato de disco, feito de espuma de poliuretano e com uma alça para facilitar a sua remoção. Já vem com espermicida e deve ser molhada antes de ser inserida na vagina antes de cada relação sexual. A esponja bloqueia a entrada do esperma no interior da vagina, assegurando a morte dos espermatozóides através do espermicida. Ela deve ficar no corpo da mulher, por, no mínimo, seis horas e deve ser retirada em até 30 horas. Este método tem 85% de eficácia.

Vantagens: Não é preciso trocar a esponja se mais de uma relação sexual ocorrer dentro do prazo de 24 horas e não requer tempo de espera para o início do efeito contraceptivo, depois da colocação. Também não é necessário o uso de outros agentes espermicidas.

Desvantagens: Baixa eficácia se comparada a outros métodos contraceptivos. Requer algum treinamento para a utilização correta, especialmente em relação à colocação e retirada. Pode provocar lesões vaginais se não permanecer no local adequado. Se for deixado por longo tempo, pode causar odores desagradáveis. Não protege contra doenças sexualmente transmissíveis.

13. Espermicidas

Espermicida é uma substância que tem a função de imobilizar e destruir os espermatozóides durante o acto sexual. Pode ser encontrado em diferentes formatos como em espuma, gel, cremes ou supositórios. Deve ser introduzido profundamente na vagina e iniciar a relação sexual em até 30 minutos. É útil como complemento de outros métodos, quando utilizado sozinho sua eficácia é muito baixa, deve ser associado ao diafragma ou ao preservativo. Este método tem 63% de eficácia.

Vantagens: É fácil de usar. Pouco invasivo para o organismo e aumenta a eficácia de outros anticoncepcionais de barreira.

Desvantagens: Tem pouca eficácia se utilizado sozinho. A aplicação pode ser incómoda para alguns casais. O efeito contraceptivo é de curta duração. Podem provocar irritações genitais. Não protegem contra as doenças sexualmente transmissíveis.

14. Laqueadura

A laqueadura ou ligadura de trompas é um procedimento cirúrgico em que o médico corta ou amarra as trompas de falópio. Esta cirurgia obstruí o caminho entre os ovários e o útero. O esperma não pode chegar ao óvulo para fecundá-lo e o óvulo não pode chegar ao útero. Este método tem quase 100% de eficácia.

Vantagens: Não impede a ovulação e não interfere no ciclo hormonal feminino, não causa nenhuma alteração no ciclo menstrual. Não necessita revisão constante pois não afecta a saúde.

Desvantagens: Não é um método reversível e pode trazer influências negativas por factores culturais e psicológicos. Há risco de interferir na irrigação sanguínea dos ovários, gerando uma menopausa precoce.

15. Vasectomia

A vasectomia é um procedimento cirúrgico em que o médico corta ou obstruí no escroto, os canais deferentes que conduzem os espermatozóides dos testículos até o pénis. Desta forma, não são liberados durante a ejaculação e, por isso, o óvulo não pode ser fecundado, evitando a gravidez. Este método tem quase 100% de eficácia.

Vantagens: Não altera o desempenho sexual. Favorece a participação do homem na contracepção. A cirurgia é simples, com anestesia local e pode ser realizada em consultório não havendo necessidade de internação.

Desvantagens: Não é um método reversível. É necessário o uso de outro método contra a gravidez nas próximas ejaculações após a cirurgia.