Lembro-me que ela era tão linda… Vestido vermelho, lábios carnudos, ancas suavemente desenhadas, pernas “cheias”… Céus, se Deus não foi artista, ao desenha-la, estava tentando a sua sorte como tal.
Sozinha, sorvia do seu “drink” como se ele fosse o cálice do pecado, sem ser furtado…
No fundo daquele antro de perdição, soava um jazz morno, e o fumo, fumo e vozes tímidas espalhavam-se pelo ar…
E la continuava ela, linda, carne saudável dentro daquela tumba onde nós, os parasitas, disputávamos possui-la.
Acariciava-a com a minha óptica, sentia a minha veia endurecida, a minha fidelidade pré-vencida, pouco me importava a gonorreia, estava pouco me lixando para o sida…
Em câmara lenta, senti-me flutuando em sua direcção como um boi a caminho do matadouro… até que os meus lábios abriram-se e a minha voz despejou toda a podridão da minha demência.
– Estás acompanhada?
Silêncio…
– Alo, Dama, estás acompanhada?
Olhou-me, devorou-me com os olhos… e com um olhar mandou-me sentar ao seu lado. Pegou no seu copo, deu um gole demorado, enquanto a outra mão pegava na minha e passava-a por baixo da mesa… Bolas, senti suas meias, obviamente que estavam coladas às suas pernas, e ela ia subindo, subindo, e subindo… enquanto os seus lábios aproximavam-se da minha orelha direita e davam-lhe trincas suaves…
Eu estava excitado, eroticamente turbinado… mas para o meu espanto, assim que pretendia introduzir os meus dois dedos em sua “casa”, encontrei a porta gradeada. A calcinha era de ferro, nada mais, e nada menos que isso,de ferro!
E pela primeira vez a sua voz se fez soar:
– O meu esposo é mineiro, ele já contava com pilantras como tu, sai pra lá, seu teso!
O meu Ferrari virou “Fusca” o famoso “Xifufununo”, buzinou um “ok”, e seguiu pela noite fora…
Ate ao momento em que acordei…