Numa época marcada por amores singulares, um jovem encantou-se profundamente ao avistar uma moça de beleza estonteante. Movido pelo desejo de união, ele procurou os pais dela no dia seguinte, manifestando sua intenção de casamento. Os pais, por sua vez, apresentaram uma condição peculiar: a moça era muda por escolha, e somente se alguém conseguisse fazê-la falar, poderia desposá-la.
O jovem, cheio de esperança, empregou todos os métodos que lhe ocorreram – desde fazer perguntas a contar anedotas e até proferir insultos, na tentativa de provocar alguma reação verbal da moça, mas tudo foi em vão. Após ele, muitos pretendentes, dotados de riquezas e status, tentaram a mesma façanha, sem sucesso.
Até que surgiu um último pretendente, um jovem de aparência desleixada e de condição humilde, que, contra todas as expectativas, solicitou aos pais da moça a permissão para tentar. Diante da incredulidade de todos, insistiu para que lhe dessem uma chance. Cético, mas curioso, o casal consentiu.
O rapaz propôs à moça que o acompanhasse até sua pequena lavoura, pedindo sua ajuda no trabalho. Lá, enquanto ele cuidava da terra, plantando e semeando, a moça observou em silêncio. Mas, ao vê-lo começar a arrancar os milhos e amendoins já plantados, a curiosidade e o espanto superaram seu silêncio:
— O que estás a fazer? — ela indagou, rompendo finalmente o silêncio.
O rapaz, entre risos, celebrou o momento, sugerindo que retornassem para finalizar o assunto com seus pais. Ao chegarem, relatou o acontecido, surpreendendo a todos com a novidade. Os anciãos da aldeia deliberaram sobre o feito e, reconhecendo o valor da conquista, um grande casamento foi organizado em honra do casal, celebrando o poder singular da paciência, da perseverança e da inusitada chave que desbloqueou a voz da moça.