Há dias, durante o final de semana, estava a reflectir sobre os actuais namoros, o pensamento ocorreu-me quando vi um casal de adolescentes a namorar num murro, bem localizado num beco algures no meu bairro. Quase que ficava parada para ver aquela cena, fazia muito tempo que não via um cenário de género.

Explico: houve tempos, quando ainda éramos adolescentes, que era normal namoriscar em esquinas e becos, com medo de que fossemos vistos pelos vizinhos, ou pior ainda, por alguém da família. Pois, não havia perdão, em todos os locais possíveis o assunto era fulana que se envolveu com o fulano. A menina era mal falada. Digo mal falada porque sempre atacam a menina, são poucos os casos em que os rapazes saíram mal na fita, pois são tidos como machos.

Lembro-me que as adolescentes que nasceram por ai na década oitenta eram bem tímidas, muitas vezes, mesmo para deixar o rapaz que pretendiam como namorado pegar na mão, que era o primeiro passo, levava muito tempo e que trabalho tinham os meninos para alcançar tal feito. Acredito que faziam festa e nós nem desconfiávamos.
O mais incrível de tudo era a fase de pedido de namoro, o menino vinha com todo o seu charme e fazia o tão esperado pedido. Sabem qual era a resposta? Simples: vou pensar, depois digo algo. Mas isso, não era porque a menina não estava interessada nele. Ela tinha sido educada a não ceder no primeiro pedido. Tinha que ponderar todas as hipóteses, os prós e os contras e dependendo de onde a balança pesava mais aceitava.

namorados

Quando ela achasse que sim “que aquele era o amor da vida dela, o feliz para sempre que ela esperava, o até que a morte os separe”, aceitava o pedido. A fase do namoro era mais engraçada ainda porque o facto de ter dito “sim” para o namoro, não dava plenos poderes ao rapaz.

Primeiro devia conquistar a confiança dela, fazer com que ela deixasse ele tocar na mão, depois na coxa e só passado uns bons meses é que ele podia dar “ selinho”. O beijo propriamente dito podia acabar anos a espera e outra coisa que chamava atenção, os meninos não desanimavam, antes pelo contrário, lutavam para conquistar o respeito e a confiança da pretendida.

Devem estar a perguntar porque estou a descrever essas coisas todas. É simples, não sou nenhuma senhora, nem a experiência em pessoa mas tenho certeza que as pessoas que nasceram na mesma época que eu e um pouco antes vão concordar comigo: era bem divertido namorar naquela.

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O cenário actual do namoro é banal, no verdadeiro sentido da palavra. É que não existem critérios para tais namoros. Um dia a menina conhece o rapaz, acha que gosta dele e, ele dela, pronto. Estão a namorar e já dão o primeiro beijo, com um pouco de sorte escapa de ir parar na cama dele no mesmo dia.

O resultado disso, é que não raras vezes encontramos adolescentes que mal saíram da fase de crianças estão grávidas e obrigadas a ir para o lar. Vamos imaginar o cenário em que uma criança cuida de outra criança, não dá muito certo. E quando se pesquisa quando é que ela ficou grávida descobre-se que foi fruto da tal primeira semana de namoro. Foi a famosa primeira vez. Como consequência nem o menino nem a menina sabem o que fazer.

Há situações em que o bebé chora e a mãe também. Simplesmente, ela não sabe o que fazer com o bebé que não cala. É lamentável quando vemos adolescentes que têm pais intolerantes que as mandam para o lar, onde passam a cuidar de uma família. Elas não têm tempo para brincar como deve ser, de continuar com os estudos e muito menos de se conhecer. Tornam-se adultas. Simplesmente, pulam a fase de adolescência e da juventude.

Se procurássemos o culpado nessa história toda. Todos são. Encontramos em primeiro lugar os pais, que muitas vezes não tem toda a coragem de falar com as adolescentes sobre os perigos de iniciarem a actividade sexual cedo. Depois temos os professores que só estão preocupados em “educar” aluno, não passam experiências de vida que é para este aprender a não cair em “armadilhas da vida” e por último temos o próprio adolescente que se fecha no seu mundo e não quer saber das coisas que acontecem fora, muito menos tirar dúvidas com os pais ou professores que os rodeiam.

Não que na nossa época não existissem casos de gravidez precoce, mas o actual índice é bem elevado, no entanto, é caricato falar dos meios de informação, porque existe a televisão que fala de tudo, palestras que realizam sobre tudo nas escolas. Mas é caso para dizer que éramos felizes e não sabíamos.

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