O académico moçambicano, Francisco Noa, foi proclamado vencedor da V edição do Prémio BCI Literatura, referente ao ano de 2014, com a obra “Perto do Fragmento, a Totalidade – Olhares sobre a Literatura e o Mundo”, numa cerimónia realizada na mediateca do BCI.
Para a entrega desta distinção, cujo valor pecuniário é de 200 mil meticais, o júri, composto por Jorge Oliveira (presidente), Aurélio Cuna e Hélder Faife, após avaliação individual e discussão das obras, decidiu por unanimidade atribuir o prémio a esta obra, olhando para sua grande qualidade, bem como o seu impacto no panorama literário nacional, sobretudo no seio académico e intelectual.
Lançado no ano passado, na capital do país, “Perto do Fragmento, a Totalidade – Olhares sobre a Literatura e o Mundo” é uma obra que, conforme elucida o sub-título (Olhares sobre a literatura e o mundo), reúne as reflexões do autor sobre, primeiro, o fenómeno literário nacional e universal, principalmente, na vertente da teoria e da crítica. Saliente-se, aqui, o facto de que, em toda e qualquer instituição literária, a teoria e a crítica desempenham, ao lado de outros sectores como a escola, a imprensa, um papel de relevo na produção, na recepção, no ensino-aprendizagem, na divulgação e na valorização da literatura.
Segundo aspecto, a obra faz reflexões sobre o mundo em sua volta, cumprindo, deste modo, diversas funções, das quais destacamos as seguintes: pedagógica (encontramos, na obra, textos que constituem verdadeiros espaços de aprendizagem do exercício intelectual); social (os temas e os motivos subjacentes aos textos componentes da obra focalizam a efervescência do tempo passado, presente e futuro da sociedade, sobretudo, a moçambicana); epistemológica (são textos que fazem apelo ao conhecimento, em lato senso).
Francisco Noa é o quinto galardoado, sucedendo João Paulo Borges Coelho, que levou o prémio em 2010, Adelino Timóteo, em 2011, Eduardo White, em 2012, e Ungulani Ban Ka Khosa, em 2013.
Doutorado em literaturas africanas de língua portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa (2001), Noa é, desde 1992, professor de Literatura Moçambicana, Literatura Geral e Comparada, Poética e Retórica na Universidade Eduardo Mondlane.
Além disso, Noa é pesquisador de renome, director-executivo do Centro de Estudos Sociais Aquino de Bragança (CESAB), professor convidado e orientador de teses de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento em diversas universidades nacionais e estrangeiras.
Ao longo dos anos publicou as obras como “Literatura Moçambicana: Memória e Conflito”, em 1997, “A Escrita Infinita”, em 1998, “Império, Mito e Miopia – Moçambique como invenção literária”, em 2002, “A Letra, a Sombra e a Água”, em 2009 e “Perto do Fragmento, a Totalidade – Olhares sobre a Literatura e o Mundo”, em 2014.