Após ter lido alguns textos acerca dos lambe-botas, notei que este adjectivo sempre se fazia presente nas diferentes manifestações culturais, económicas, e outras – principalmente nos meios de comunicação em massa. Então conclui: “todos nós conhecemos pelo menos um bajulador – exagerando um pouco nos parâmetros das deduções”. Acreditem! Conhecemos, sim, desde o nível de amador, até aos favoritos ao Prémio Nobel do lambebotismo. E como já sobejamente é sabido, os lambe-botas, têm alguns sinónimos banais, estes são: os bajuladores, os beija-mãos, os corta-fitas, os escovinhas, os puxa-sacos, os polidores, e outros contundentes adjectivos, que não são do benefício das boas maneiras de comunicação.

Esses indivíduos, de forma singular ou colectiva, usam diversos recursos à sua disposição em benefício dos seus Senhores, com o intuito de serem bem vistos e tirarem vantagens de volta, com as suas bajulações. Podendo ser: promoções, bons empregos, boas propagandas dos media, etc. Numa reciprocidade inequívoca do sistema de créditos e débitos dos “Bancos de Favores”.

Quanto maiores as lambidas dos vassalos aos seus Senhores, maiores são as oportunidades de “caírem para cima”, isto é: dormirem cidadãos comuns e acordarem Directores, ou ainda Ministros e vice-versa – não que todos assim vivam, dispa-se dessa ideia errónea, porque as conquistas dos lambedores, são efémeras, são como plantar sementes ao vento. Pois os lambidos só usam os lambedores como papéis higiénicos para limpar as piores diarreias dos seus ânus, mas no fim ambos terminam no aterro sanitário; “porque essa acção, não coordenada, acaba em muitas vezes lixando, mais do que ajudam.”

Falasse destes indivíduos: nos chapas, nas conversas de quintal, nos gabinetes de trabalho, nos hospitais, nos mercados, em suma um pouco em todo o lado. Hoje em dia, por exemplo, há o mediático G-40 (segundo uma lista publicada por um jornal nacional), compostos (40, será!?) quarenta elementos aos quais são atribuídos o “papel institucional-legal”de maquiar todos os factos em benefícios dos seus Soberanos. Considerando verdadeira a hipótese, e mantendo o resto constante:
esses se chamariam de “lambedores da ribalta”, ou os desviadores da opinião pública, ou ainda esquadrão de elite do lambebotismo, mas com as língua frívola como os cassetetes da FIR, em seguimento a agendas obscuras – mas é apenas uma hipótese.

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Oh Deus, santa vergonha tenhamos nós!

Mas, antes permitam-nos as nossas vivas: viva a Santa hipocrisia; viva aos apóstolos anti-desgraça; viva os que ovacionam os donos do poder; viva os que marcham pelos melhores filhos de Moçambique; viva os servidores dos interesses privados no benefício da coisa pública; viva os que “são gracejados com títulos de heróis nacionais”, – mas que de heroicidade têm a língua, apenas. Ainda agradecemos pelas nossas contas rechonchudas, pelos nossos carros topo de gama, pelo perdão aos nossos desfalques! Santificadas sejam as nossas lambidas…

“Temos que ser amantes das criticas e das auto-criticas”, pois homens perfeitos existem nas nossas dimensões imaginárias.

Entristece-me em dobro, quando jovens como eu são conotados como lambedores de botas, e hipotecam à sua própria dignidade, o respeito, pelos favores dos seus Senhores. Somente homens sem princípios colocam o seu bom nome, e a sua dignidade à venda com as medidas de prata da bajulação. Eu vejo esses indivíduos como indivíduos sem auto-estima (por mais que tenham projectos pró auto-estima), sem personalidade, um desastre social. Piores que uma peste bubônica, que as sanguessugas e outra sorte de adjectivação barata, mas ajustada ao modo como pretendem se projectar nas suas vidas. Isto é: primeiro benefício, depois o trabalho de bajulice. Mas cada um é livre de viver como lhe convêm, cada um deve ser aceite como é, e mesmo assim respeitado…até ao ponto do limiar do gozo e exercício dos seus direitos…

Porém, o respeito não anula a crítica e vice-versa.

Sou Cremildo Fernando Eduardo Magaiza, com 24 anos de idade, nascido na Cidade da Matola, Província de Maputo, licenciado pelo Curso de Comércio - pela Universidade Eduardo Mondlane, e aspirante a escritor. O género literal pelo qual me identifico é a Prosa, o Romance, e tenho como inspiração o Irving Wallace, o Ungulane Ba ka Khosa, o Mia couto, e o Paulo Coelho.